terça-feira, 21 de junho de 2011

A segunda figura do Estado português é uma mulher


Depois de Maria de Lourdes Pintasilgo ter ocupado o cargo de Primeiro-Ministro, em Portugal, de '79 a '80, Maria Assunção Esteves foi hoje nomeada para o cargo de Presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado, o mais alto cargo alguma vez ocupado por uma mulher em Portugal.



"Assunção Esteves eleita Presidente da Assembleia por maioria confortável


Assunção Esteves foi eleita para a Presidência da Assembleia da República por 186 votos, ficando a 18 votos do resultado obtido em 2009 por Jaime Gama - que foi o presidente da AR mais votado desde o 25 de Abril - mas que mesmo assim é uma maioria confortável.

A candidata do PSD obteve ainda 41 votos brancos e dois nulos. Votaram 229 deputados, tendo faltado um.

Assunção Esteves torna-se assim na primeira mulher a assumir o cargo que representa a segunda figura do Estado.

Assunção Esteves, de 54 anos, foi a primeira mulher a desempenhar o cargo de juíza no Tribunal Constitucional, onde esteve entre 1989 e 1998, e também a única eurodeputada eleita para o Parlamento Europeu nas eleições de 2004, pela lista de coligação Força Portugal (PSD/CDS-PP).

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, onde também fez um mestrado em Ciências Jurídico-Políticas, Assunção Esteves foi eleita deputada pelo círculo de Vila Real, em 1987, na primeira maioria absoluta liderada por Cavaco Silva, escreve a Lusa.

Entre 1989 e 1998, Maria Assunção Andrade Esteves, nascida em Valpaços a 15 de Outubro de 1956, foi juíza do Tribunal Constitucional, escolhida pela Assembleia da República. Em 2002, voltou ao Parlamento, durante a vigência do governo liderado por Durão Barroso, tendo assumido nessa legislatura a presidência da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Desde 1976, depois do socialista Henrique de Barros ter presidido à Assembleia Constitucional, a Assembleia da República teve 11 presidentes diferentes. Assunção Esteves é a décima segunda e a primeira mulher a ocupar o cargo. Os anteriores foram os seguintes : Vasco da Gama Fernandes (PS), Teófilo Carvalho dos Santos (PS), Leonardo Ribeiro de Almeida (PSD), Francisco Oliveira Dias (CDS), Tito de Morais (PS), Fernando Amaral (PSD), Vítor Crespo (PSD), Barbosa de Melo (PSD), Almeida Santos (PS), Mota Amaral (PSD), e Jaime Gama (PS)."


Fonte: Público



No seu discurso reservou uma nota de luta feminista: 

"Dedico este meu momento de alegria a todas as mulheres, às mulheres políticas, que trazem para o espaço público o calor da entrega e a matriz do amor, mas sobretudo, às mulheres anónimas e oprimidas. Farei de cada dia um esforço para a redenção histórica da sua circunstância".


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Manifesto e Protesto SLUTWALK Lisboa


"SlutWalk* Lisboa – pela autodeterminação sexual em todas as circunstâncias


* SLUT, galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil.


Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. A SLUTwalk Lisboa junta-se à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo.

Recusamos totalmente a culpabilização das mulheres face a situações de violência sexual. Mude-se as leis, mude-se quem agride. Mude-se a cultura patriarcal que diz às mulheres para não serem violadas, em vez de dizer aos homens para não violarem. Mude-se a moral dominante, onde SLUTs são todas as mulheres que não se limitam à sexualidade heterossexual, monogâmica e reprodutora.

Se SLUT – galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil – é uma mulher que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade, e que procura prazer, então, somos SLUTs, sim!

Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, por mais liberdade.

Se ponho um decote… Não é Não!
Se pus aquelas calças de que tanto gostas… Não é Não!
Se uso burqa… Não é Não!
Se durmo com quem me apetece… Não é Não!
Se passo naquela rua… Não é Não!
Se vamos para os copos… Não é Não!
Se me sinto vulnerável… Não é Não!
Se sou deficiente… Não é Não!
Se saio com xs maiores galdérixs…Não é Não!
Se ontem dormi contigo… Não é Não!
Se sou trabalhadora sexual… Não é Não!
Se és meu chefe… Não é Não!
Se somos casadxs, companheirxs, namoradxs… Não é Não!
Se sou tua paciente… Não é Não!
Se sou tua parente… Não é Não!
Se tenho relações poliamorosas… Não é Não!
Se sou empregada de hotel… Não é Não!
Se tens dúvidas se aquilo foi um sim, então… Não é Não!
Se não entendes a língua que eu falo… Não é Não!
Se beijo outra mulher no meio da rua… Não é Não!
Se tenho mamas e pila… Não é Não!
Se disse sim e já não me apetece… Não é Não!
Se adoro ver pornografia… Não é Não!
Se ando à boleia… Não é Não!
Se estamos numa festa swing, numa sex party ou numa cena BDSM… Não é Não!
Se já abrimos o preservativo… Não é Não!

NÃO é sempre NÃO. Quando é SIM, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser claras. "


Protesto no dia 25 Junho no Largo de Camões, Rossio, às 17.30h


Fonte: http://slutwalklisboa.wordpress.com/

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sugestão de leitura


Feminismos - Percursos e Desafios, de Manuela Tavares

Manuela Tavares, investigadora da Universidade Aberta, faz a História dos Movimentos Feministas em Portugal no último século, a primeira publicação de fundo, nesta área. Do Estado Novo, em que a ideologia dominante impunha a submissão das mulheres, ao dogmatismo das esquerdas políticas, que não souberam captar a pluralidade dos feminismos e as contradições de género na sociedade.


Fonte: Almedina

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Manuela Tavares: "Elas acham que não é feminismo, mas é"

O chavão de que não há feminismo em Portugal e o mito de que o feminismo é radical e contra os homens foram ambos desconstruídos por Manuela Tavares. Feminismos mostra os caminhos do futuro do feminismo e sistematiza pela primeira vez 60 anos de história de Portugal contada pelo lado que não costuma ser tido em conta.

Aos 60 anos, Manuela Tavares tem quatro décadas de activismo feminista, apesar de só nos últimos 20 anos se ter assumido como feminista. Fundadora da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), foi uma das mulheres que, em 1982, se mostraram nas galerias da Assembleia da República envergando T-shirts com "Eu abortei".

Aliando o activismo à reflexão teórica - uma das raríssimas feministas portuguesas a fazê-lo -, Manuela Tavares defendeu em Março de 2008 uma tese de doutoramento inédita e pioneira em Portugal: Feminismos em Portugal (1947-2007). Um trabalho de história e de reflexão que procura explicar por que razão em Portugal subsiste a ideia feita de que o feminismo é algo negativo. Um importante contributo para a compreensão do Portugal que somos e para a construção de uma sociedade mais democrática e mais igualitária nos direitos de todos, que agora surge nas livrarias sob o nome Feminismos.

Editado pela Texto/Leya, a obra será apresentada dia 15 de Março, às 18h30, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa, pela historiadora Irene Pimentel e pela socióloga Anália Torres, que, com Anne Cova, orientou a tese.


Ler entrevista aqui.