segunda-feira, 18 de março de 2013

Que imagem passam das mulheres, os nossos órgãos de comunicação social?

"Há jornais com uma visão redutora das mulheres"


Carla Cerqueira analisou 727 conteúdos publicados ao longo de 32 anos

Uma investigação do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho conclui que a imprensa portuguesa transmite uma visão dicotómica das mulheres: ou são seres "especiais" que conseguem triunfar num mundo "dominado por homens" ou vítimas incapazes de fugir de uma situação de subalternidade.

Esta homogeneização faz com que os cidadãos tenham uma percepção redutora do papel das mulheres na sociedade, alerta Carla Cerqueira, que dedicou o doutoramento à cobertura do Dia Internacional da Mulher em dois jornais nacionais, desde 1975 até 2007.
O estudo teve como objectivo analisar a evolução da cobertura jornalística desta efeméride na imprensa portuguesa, ou seja, averiguar de que forma as mulheres, as associações e os temas de género têm sido representados ao longo de mais de três décadas. A análise pormenorizada de 727 notícias do Jornal de Notícias (JN) e Diário de Notícias (DN) demonstra a falta de "substância" no tratamento dos conteúdos, nomeadamente no que diz respeito a temas relacionados com a ascensão profissional e a violência doméstica.
“As questões estruturais que estão na base das desigualdades experienciadas no mercado do trabalho não são destacadas. Nestas peças, as mulheres assumem relevância noticiosa pelo que fazem, mas nunca deixam de ser o que são: mulheres, mães, esposas", explica Carla Cerqueira, que é professora do Instituto de Ciências Sociais. Quanto à violência doméstica, os media aproveitam sobretudo este Dia para apresentar dados estatísticos, estudos científicos ou casos pessoais exemplificativos, negligenciando os contextos socio-históricos e as dimensões psicossociais.
O tópico mais enfatizado pelos repórteres é a igualdade, definida como a capacidade para inverter os papéis tradicionais de género: "As mulheres são noticiosamente construídas com características tradicionalmente associadas ao 'padrão masculino', isto é, como casos excepcionais", sublinha a investigadora. A análise mostra ainda que os conteúdos foram frequentemente tratados com perspectivas "muito parecidas", transmitindo apenas algumas das realidades destas mulheres em detrimento de outras com igual relevância.

A estereotipização jornalística do sexo feminino está associada a questões estruturais, que assentam na desigualdade de género e "precisam urgentemente" de ser desconstruídas. "Trata-se de um terreno complexo que exige um trabalho de educação para a inclusão e para a diversidade nos vários campos da sociedade", reforça a investigadora. Para além de ter analisado mais de sete centenas de artigos, Carla Cerqueira entrevistou cerca de duas dezenas de jornalistas, fotojornalistas e directores, bem como porta-vozes das associações de promoção da igualdade de género, feministas e activistas ligadas ao Dia Internacional da Mulher.
Biografia

A investigadora de 30 anos é natural de Vila Verde, Braga. Doutorada em Ciências da Comunicação pela UMinho, dedica-se sobretudo aos estudos sobre género e media. Em Janeiro de 2013 iniciou o pós-doutoramento «Olhando por dentro da cidadania e da igualdade de género: as (des)conexões entre a cultura jornalística e as estratégias de comunicação das organizações não governamentais».

O trabalho está a ser orientado por Rosa Cabecinhas, professora do Instituto de Ciências Sociais da academia, Liesbet van Zoonen, da Universidade de Loughborough  (Reino Unido), e Juana Gallego Ayala, da Universidade Autónoma de Barcelona (Espanha). A investigadora é ainda vice-chair da secção de Género e Comunicação da European Communication Research and Education Association.

FONTE: Ciência Hoje.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Pessoas feministas são mais felizes no amor"

Imagem retirada do Google. Todos os direitos reservados.

«Psicólogos da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, conversaram com mais de 500 pessoas (homens e mulheres) para descobrir a relação entre feminismo e felicidade no amor. Entre eles, 242 ainda faziam faculdade, enquanto outros 289 eram um pouco mais velhos – média de 26 anos –, e namoravam há mais de 4 anos. Os pesquisadores perguntaram a eles se simpatizavam com algumas ideias feministas, aprovavam mulheres que se dedicam à carreira e se o atual parceiro era machista ou não. Também contaram sobre a qualidade e estabilidade do namoro e satisfação sexual.

E os feministas levaram a melhor em vários pontos. A vida sexual deles era muito mais saudável: eles se diziam mais felizes com sexo do que os casais com um pézinho no machismo. Além disso, os relacionamentos se mostravam muito mais estáveis. E isso valia para homens e mulheres feministas. De forma geral, pessoas favoráveis à igualdade entre os gêneros constroem namoros mais felizes do que os casais machistas.

Os pesquisadores ainda não descobriram por que o feminismo pode melhorar os relacionamentos. Mas desconfiam de alguns motivos. Por exemplo, homens feministas apoiam e entendem melhor suas namoradas. E quando se juntam a mulheres também feministas se livram da pressão de bancar todas as despesas do casal. Bem melhor assim.»


FONTE: Ciência Maluca.

E continua o festival de argumentos da tal petição para a prepetuação do machismo em Portugal

Abel Matos Santos: “Lei permite que uma pessoa mude de sexo as vezes que quiser. Na Primavera pode ser Maria, no Outono pode ser José”

No programa das manhãs da TVI apresentado por Manuel Luís Goucha estão a ser realizados uma série de debates semanais sobre as consideradas "leis fracturantes", alvo de uma petição já entregue na Assembleia da Repúblicacom vista à sua alteração ou revogação.

Depois da análise da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, na passada quinta-feira, esta semana foi a vez do tema escolhido ser a lei de identidade de género.

De um lado do painel, a favor da alteração da lei, esteve o médico Abel Matos Santos e Isilda Pegado. Do lado oposto três deputados: Helena Pinto (BE), Sónia Fertuzinhos (PS) e João Oliveira (PCP).

Abel Matos Santos do Hospital Santa Maria teve o discurso mais radical ao afirmar que a lei actual "não serve" e permite inclusive uma pessoa mudar de sexo mais do que uma vez. Os três deputados convidados refutaram peremptoriamente os argumentos apresentados por Abel Matos Santos e Isilda Pegado.




FONTE: Dezanove.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Isilda Pegado - Uma Mulher Atrás do Seu Tempo


"É preciso fazer uma reforma da sociedade. Esta crise em que estamos a viver não é uma crise económica. É, acima de tudo, uma crise de valores".



A afirmação é de Isilda Pegado que participou no programa Você na TV!, a propósito do abaixo-assinado, de que é uma das primeiras signatárias, que defende a suspensão contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a interrupção voluntária da gravidez e a lei que permite a mudança de sexo às pessoas transgéneras. Manuel Luís Goucha, apresentador do programa contrapôs: "É então necessário voltarmos ao Portugal do século XIX".

No debate, que contava com a participação dos deputados Sónia Fertuzinhos (PS), Helena Pinto (BE) e João Oliveira (PCP), o apresentador referiu que vários deputados do CDS e PSD estão a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, relembrando ainda a Isilda Pegado que "não há conflitualidade social" sobre este tema. A deputada socialista sublinhou que "a sociedade hoje não reflecte esse discurso" dos signatários da petição.

Bagão Félix, o economista João César das Neves, Isilda Pegado e o médico Gentil Martins estão entre os primeiros signatários da petição, que ultrapassou as cinco mil assinaturas, que quer obrigar o Parlamento a revogar as referidas leis. »



FONTE: Dezanove.

HumPar alerta para a Violência Obstétrica, no Dia da Mulher


VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA, sabe o que é?

A HumPar - Associação Portuguesa pela Humanização do Parto, juntamente com a Associação Doulas de Portugal e a Rede Portuguesa de Doulas vem lançar uma campanha de consciencialização para a violência obstétrica, no dia 8 de Março, em que se celebram 103 anos do Dia Internacional da Mulher.


O Mês de Março será dedicado à divulgação de informações relativas ao contexto da Violência Obstétrica em Portugal e à promoção e dinamização de iniciativas que fomentem uma mudança efetiva da realidade da assistência ao nascimento. [...]

O que é a Violência Obstétrica?
Violência Obstétrica é qualquer ato ou intervenção direccionado à mulher grávida, parturiente ou puérpera, ou ao seu bebé, que tenha sido praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher/casal e/ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências.


À luz deste conceito de violência obstétrica... o que sentes quando lês uma história de nascimento como a que se segue abaixo? [...]
Quando dei entrada no hospital para uma indução, com 39 semanas, não sabia que iria ser um dos dias mais difíceis da minha Vida. Aquilo que me foi dito foi “que era assim, protocolo, que era normal”, e entrei para me depilarem, levei soro, fiquei nua à espera de uma bata, depois chegou um médico que me colocou um gel dentro da vagina, sem nunca olhar para mim e nem sequer me responder quando lhe perguntei para o que servia.

Depois mais soro, horas sozinha num quarto, o meu companheiro tinha que entrar e sair constantemente, e ao fim da tarde entraram 4 homens de capa branca. Um a um, fizeram o toque. Depois, no final, o médico (o que me colocou o gel), meteu a mão dentro de mim e rasgou-me a bolsa, que foi das dores mais fortes que tive na vida, uma dor física e emocional que me acompanhou e ainda hoje me incomoda. Nunca ninguém falou comigo. Ao princípio da noite e depois de olharem continuamente para o ctg, veio uma enfermeira e colocou-me um cateter dentro da minha bexiga e disse: agora tem que se levantar e passar para a marquesa. Nessa altura percebi que tinha uma cesariana à minha frente. Depois disso lembro-me de estar nua, toda nua, de braços abertos numa espécie de cama com braços, como uma cruz, e de me dizerem que deveria contar até dez para anestesia fazer efeito. E fez. Só 3 horas depois acordei, sem o meu filho ao meu lado. Sozinha. Não consegui dar de mamar. Chorei semanas sem saber porquê. Afinal o meu bebé era saudável, certo? Só anos mais tarde percebi que estes protocolos não foram os correctos, apenas os “normais”.
O que aconteceu de maravilhoso foi que esta experiência me abriu os olhos e comecei uma aventura que dura ainda hoje, no apoio e defesa dos direitos das mulheres.

Precisamos de ir para a rua gritar que já chega!

M.

[...]

São exemplos de actos de violência obstétrica, que podem tomar a forma de abusos físicos, verbais e/ou psicológicos e que acontecem diariamente em instituições de saúde e consultórios em Portugal:

  • Impossibilitar que a mulher seja acompanhada por alguém da sua escolha, familiar ou outro;
  • Tratar a mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, rude, em tom de gozo, dando-lhe ordens e nomes infantis e diminutivos, tratando-a como incapaz, com indiferença, ou de qualquer forma que a faça sentir-se humilhada ou assustada;
  • Impedir a mulher de comunicar com o "mundo exterior"; 
  • Submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes, como:
    - Posição ginecológica (estar deitada de costas, expondo os genitais) estando a porta do quarto aberta; - Ser “tocada” (exames vaginais) mais de uma vez e por várias pessoas ao longo do trabalho de parto, geralmente sem esclarecimento ou sem sequer pedir permissão;
  • - Submeter a mulher a qualquer outra rotina desnecessária e que implique um aumento do seu desconforto na sua experiência de parto, como descolamento de membranas (“toque doloroso”), amniotomia (rutura artificial de membranas), proibição da ingestão de líquidos via oral, etc., (saiba mais sobre as recomendações da Organização Mundial de Saúde a respeito de procedimentos e intervenções desnecessárias e prejudiciais durante o trabalho de parto aqui);
  • Fazer pouco ou recriminar por qualquer comportamento menos aceitável socialmente, como gritar, chorar, ter medo, vergonha, etc;
  • Repreender, ameaçar, fazer chantagem ou assediar em termos morais a mulher/casal por qualquer decisão que estes possam ter tomado, se essa decisão for contra as crenças, fé ou valores morais de qualquer membro da equipa, por exemplo: não ter feito ou feito de forma considerada inadequada o acompanhamento pré-natal, ter muitos filhos, ser mãe jovem (ou o contrário), ter tido ou tentado ter um parto em casa, ter tido ou tentado ter um parto sem assistência médica, ter tentado ou ter efetuado um aborto, ter atrasado a ida para o hospital; não ter dado todas as informações pedidas, seja intencional ou involuntariamente;
  • Ignorar ou desvalorizar as escolhas e os pedidos da mulher/casal feitos através do seu plano de parto ou nas consultas de atendimento da gravidez e durante o parto;
  • Permitir a entrada de pessoas estranhas ao serviço para "assistir ao parto", quer sejam estudantes, residentes ou profissionais de saúde, sem o consentimento prévio da mulher e do seu acompanhante, e sem lhes dar a possibilidade clara e justa de dizer “não o desejamos”;
  • Submeter uma mulher a uma cesariana desnecessária, sem a devida explicação dos riscos que ela e o seu bebé correm (complicações da cesariana, da gravidez subsequente, risco de prematuridade do bebé, complicações a médio e longo prazo para mãe e bebé);
  • Dar hormonas sintéticas (“um cheirinho”) para tornar mais rápido e intenso um trabalho de parto que está a evoluir normalmente;
  • Realizar episiotomia de rotina (corte na vagina), quando já se sabe que a necessidade real deste procedimento é muito baixa. Dar um ponto na sutura final da vagina de forma a deixá-la mais apertada para “aumentar o prazer do cônjuge” ("ponto do marido"); 
  • Colocar-se sobre a barriga da mulher exercendo força para expulsar o bebé (manobra de Kristeller); 
  • Submeter a mulher e/ou o bebé a procedimentos feitos exclusivamente para formar academicamente estudantes e residentes; 
  • Submeter bebés saudáveis a aspiração de rotina, injeções e procedimentos na primeira hora de vida, antes de serem colocados em contato pele com pele e de terem tido a oportunidade de mamar; 

Se já passou por alguma destas situações de violência obstétrica, de violação de direitos humanos no nascimento, partilhe a sua história connosco usando o seguinte e-mail: geral@humpar.org. [...] »

FONTE: Humpar.

Dia Internacional da Mulher: a relação entre o Feminismo e o L de LGBT


« Assinala-se mundialmente a 8 de Março, desde 1975, o Dia Internacional da Mulher, sob insígnia das Nações Unidas.

O dezanove.pt falou com Salomé Coelho, activista na UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, para perceber o enfoque feminista e lésbico deste dia:

"As lésbicas não são mulheres", disse Monique Wittig, feminista lésbica, nos anos 80. Com esta afirmação, Wittig questionava a categoria que estava na base das reivindicações feministas, a categoria "mulher", dizendo que esta apenas tem e ganha sentido dentro da norma heterosexual. Com isto, Wittig denunciava que quando se falava de mulheres e dos seus direitos, se assumia que essas eram "heterosexuais"; denunciava também que a própria definição do que é ser uma “verdadeira mulher” se faz num sistema que apenas concebe a “heterosexualidade” como sexualidade válida. Se mulher é aquela que se une a um homem, logo, as lésbicas não poderiam ser mulheres.

As ligações entre feminismos e direitos LGBT nem sempre foram pacíficas, havendo tensões históricas documentadas, mas também uma longa tradição de alianças políticas. As críticas das mulheres lésbicas permitiram pensar de forma mais complexa o sujeito politico dos feminismos e a luta feminista abriu, indubitavelmente, espaço para a luta pela liberdade sexual e direitos LGBT. Hoje, pensar os direitos sexuais sem pensar a dimensão de género, ou o contrário, é amputar a leitura do mundo e reduzir a capacidade de transformação. Na raiz das desigualdades de género e com base na orientação sexual estão um mesmo sistema de género que impõe normas restritas do que é ser homem e do que é ser mulher – e mais nenhum género pode existir para além desse binarismo! -,sabendo que mulher não pode nunca ser aquela que ama ou deseja outra mulher.

No Dia Internacional das Mulheres – dia em que se celebra a luta histórica das mulheres por melhores condições de vida e em que se recorda os caminhos que há ainda a percorrer -, celebremos também a visão de que as opressões se entrecruzam e que não há reais conquistas feministas se elas não põem em causa a heteronorma, nem direitos LGBT se o sistema de género sai inabalado. Por alguma razão, sexo (género) e sexo (sexualidade) se confundem na escrita (dos textos e das vidas).

Salomé Coelho
UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
28 anos »


FONTE: Dezanove.

Não festejem o dia, assinalem-no, LUTEM!


«Ninguém me perguntou por que é que essas feministas chatas não gostam de ganhar parabéns no dia da mulher

“Parabéns pelo seu dia, continuem sempre assim, nós amamos vocês, mulheres”. Aí te dão uma rosinha murcha. Ou um bombom. Ou te oferecem um tratamento facial, um curso de maquiagem, uma massagem. E não entendem porque você não está imensamente agradecida por terem lembrado de você nessa data tão especial.

Eu gostaria de não ter que lembrá-los disso, mas o dia da mulher não é uma data pra glorificar essa imagem estereotípica de feminilidade que vocês têm. É uma data de luta.

É uma data pra se lembrar das trabalhadoras têxteis que se uniram e deram início a uma revolução. Para se lembrar de todas as outras mulheres que lutaram, foram presas, apanharam, morreram, para que tivéssemos direitos básicos que ninguém pensaria em passar sem, como voto, propriedade, educação.

É uma data para se lembrar de todas as mulheres que ainda seguem privadas de direitos, tendo suas vidas controladas por homens, apanhando, sofrendo abusos. Para lembrar que essa realidade não é distante, não é só uma moça sendo violentada e morta por um bando de escrotos na Índia, mas está aqui no nosso quintal.
É uma data para se lembrar que mesmo nós, mulheres bem nutridas de classe média, ainda fazemos a maior parte do trabalho doméstico, ganhamos menos que os homens, e se formos negras, só piora.
Guarde as rosas para os doentes e os mortos.
Nós continuaremos lutando.»

FONTE: Alguém Me Perguntou.


Porquê o Dia Internacional da Mulher?


Dia Internacional da Mulher: 
Conheça a origem desta celebração


Dia Internacional da Mulher assinala-se hoje, dia 8 de março, como homenagem às mulheres em todo o mundo. A efeméride assinala também diversos factos históricos: o protesto de operárias têxteis nova-iorquinas por melhores condições de trabalho e as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, na I Guerra Mundial.

Neste dia 8 de março, em 1857, um enorme grupo de operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque deu início a uma greve, acompanhada de uma ocupação da fábrica. O objetivo desta luta era a reivindicação de uma redução do horário laboral (cerca de 16 horas por dia).
As mulheres defendiam 10 horas laborais de trabalho, bem como uma avaliação do seu salário, que representava um terço do salário pago aos homens. As operárias, cerca de 130, foram encerradas na fábrica e morreram queimadas.
Esta é a génese do Dia Internacional da Mulher, que foi instituído em 1910, aquando de uma conferência internacional de mulheres, que ocorreu na Dinamarca. No entanto, só mais tarde o dia foi celebrado. O dia 8 de março serviu então para homenagear as mulheres, com a comemoração deste dia internacional que persiste com muitas metas por cumprir.

Há mais de um século que as mulheres lutam pela igualdade de direitos laborais, o que ainda permanece por cumprir. Aliás, esta diferença entre homens e mulher é assinalada no Dia Europeu da Igualdade Salarial, comemorado a 2 de março, para chamar à atenção para um facto: as mulheres ganham menos do que os homens, que conseguem ordenados médios 16,4 por cento superiores.

Segundo números da Comissão Europeia, as mulheres portuguesas só conseguem atingir o salário dos homens com mais 65 dias de trabalho. Em Portugal, as mulheres ganham menos 18 por cento do que os homens.
A luta das operárias nova-iorquinas permanece, por isso, atual e assim faz todo o sentido celebrar o Dia Internacional da Mulher. E as mulheres são o centro de diversos factos históricos que se assinalam neste dia. Em 1702, de forma inesperada, Ana Stuart, a irmã de Maria II, torna-se Rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda, após a morte de Guilherme III.

Já em 1884, perante os membros do Comité de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA, Susan Anthony solicita que seja feita uma emenda à Constituição, que garanta às mulheres o direito ao voto.

A 8 de março de 1910 – precisamente no dia em que foi instituído o Dia Internacional da Mulher –, Raymonde de Laroche torna-se a primeira mulher a fazer um voo sozinha. Em 1911, dá-se o primeiro protesto em defesa do voto feminino. Já em 1971, durante a Revolução Russa, diversos protestos e greves são desencadeados por mulheres, em São Petersburgo, a marcar o início da Revolução de fevereiro.

No ano de 1975, a 8 de março, assinala-se pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher. E neste mesmo dia, em 2000, os Correios do Brasil lançam um selo que presta uma homenagem a três mulheres pioneiras da aviação do país: Anésia Pinheiro Machado, Tereza de Marzo, Ada Rogato.


FONTE: Pt-Jornal.

No dia Internacional da Mulher, a ONU escolheu o tema: "Violência Contra as Mulheres"


Vejam o que a APAV tem a dizer sobre os fenómenos de violência doméstica. É sempre bom lembrar e desmistificar:




Dia Internacional da Mulher assinalado de norte a sul do país



O Dia Internacional da Mulher assinala-se hoje, com iniciativas nacionais e locais em defesa dos direitos das mulheres, lembrando que as portuguesas ganham em média menos 18% do que os homens, e estão pouco representadas nos conselhos de administração.
Logo pelas 09:00, o sino toca na Bolsa de Lisboa e dá o arranque à conferência "E2E: inspirar, apoiar, arriscar", organizada pela NYSE Euronext Lisbon, com abertura a cargo da secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais.

Pelas 10:00, o gabinete do Parlamento Europeu em Portugal organiza um debate sobre "O impacto da crise na vida das mulheres. Que respostas?", ao mesmo tempo que a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e a representação da Organização Internacional do Trabalho promovem a sessão "Empreendedorismo Feminino".

Também durante a manhã, logo a partir das 10:00, a sessão plenária no Parlamento vai discutir e votar vários projetos de resolução do PCP, Bloco de Esquerda, PS e Partido Ecologista "Os Verdes" em prol dos direitos das mulheres.

O Partido Comunista vai pedir o combate ao empobrecimento das mulheres e às discriminações salariais, além de ir pedir a valorização efetiva dos direitos das mulheres no mundo do trabalho, enquanto "Os Verdes" pedem a não-discriminação laboral das mulheres.

O Partido Socialista vai pedir que seja aprovado o regime jurídico das organizações não-governamentais para a Igualdade de Género, enquanto o Bloco de Esquerda quer a não discriminação laboral das mulheres, a majoração do subsídio de desemprego e do subsídio social de desemprego para as famílias monoparentais, para lá de recomendar ao Governo que alargue a proteção da parentalidade.

Também de manhã, a Confederação geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-In) assinala o Dia Internacional da Mulher com ações nos locais de trabalho e nas ruas, estando previsto que o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) promova plenários e realize uma tribuna pública, na qual vai denunciar casos de discriminação laboral de mulheres.

Mais à tarde, pelas 15:00, a secretária de Estado Teresa Morais promove um colóquio para assinalar o Dia Internacional da Mulher, sob o tema "Decidir em igualdade: paridade na tomada de decisão económica".

As iniciativas multiplicam-se um pouco por todo o país, como, por exemplo, em Braga, com uma tertúlia sobre "Género, minorias e multiculturalismos", organizada pela associação cabo-verdiana, em Coimbra, com uma concentração organizada pela União de Mulheres Alternativa e Resposta, ou no Porto, com um jantar tertúlia do "Ciclo Feminino", com a presença das escritoras Isabel Alçada e Luísa Castel-Branco, entre outras iniciativas.

Neste dia, será lembrada a presença residual de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas portuguesas, representando apenas 6% do total, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), que refere existirem 162 mil empresárias, em Portugal.

Apesar de estarem em clara minoria nos conselhos de administração, em 2011, havia 162 mil mulheres que eram empregadoras (35% do total nacional). Com uma idade média de 43,1 anos, uma em cada quatro empresárias possui um curso superior.

Dados da Comissão Europeia revelam que as mulheres portuguesas têm de trabalhar mais 65 dias do que os homens, para terem o mesmo ordenado, já que ganham em média menos 18%.

FONTE: SIC Notícias On-Line.